As asas às avessas
Que queres querubim
Me montas manifestas
Em exaltado estado enfim
As asas ampliadas
Que correm com
Meneio, mostram-me mundo
Enorme, encantam e esteiam
Eu sempre tive asas
Nem sempre as percebi
Mostrastes-me a mim mesmo
E por ti renasci
Silêncio, um estranho companheiro. Que negamos ao pronunciá-lo como som, ao escrevê-lo como palavra, ao pensá-lo como idéia. E ainda assim, sua presença em cada um e em cada conjunto é o que nos confere uma esfera íntima. Conhecemos alguém através do silêncio que se forma quando estamos juntos; sozinhos em nosso silêncio, conhecemos a nós mesmos. O animal humano compartilha o silêncio, quando às vezes este preenche o vazio, às vezes revela o presente. Através dele, amizades adquirem realidade, indivíduos também. Pois sem ele estaríamos sós, isolados do mundo e de nossa própria presença; uma não existência.
Uma Upanishad diz: "Tira a plenitude da plenitude, e a plenitude restará."
O silêncio nos acompanha ainda que o deixemos para trás. Ele está nos gritos de prazer e no sabor das melancias, está nesta palavra e em todos os textos, nos abraços apertados ou apressados e nas conversas longas e curtas. Ele está conosco quando nos aquietamos ao lado de quem amamos; em sua forma mais perceptível.
E como dizem por aí, o silêncio, além de tudo isso, é sagrado.